“...
Você tem dois centros. Um centro com o qual você vem, que lhe é dado pela
própria existência. Esse é o eu. E o outro centro, que é criado pela sociedade
- o ego. Esse é algo falso - é um grande truque. Através do ego a sociedade
está controlando você. Você tem que se comportar de uma certa maneira, porque
somente assim a sociedade irá apreciá-lo.
... Tente entendê-lo o mais profundamente possível, porque ele tem que ser
jogado fora. E a não ser que você o jogue fora, nunca será capaz de alcançar o
eu. Por estar viciado no falso centro, você não pode se mover, e você não pode
olhar para o eu.
... Temos que passar através do caos antes de atingir o centro verdadeiro. E se
você for ousado, o período será curto. Se você for medroso e novamente cair no
ego, e novamente começar a ajeitá-lo, então, o período pode ser muito, muito
longo; muitas vidas podem ser desperdiçadas...
... Mas se você for corajoso e não voltar para trás, se você não voltar a cair
no ego, mas for sempre em frente, existe um centro oculto dentro de você, um
centro que você tem carregado por muitas vidas. Esse centro é a sua alma, o eu.
... O ego é o inferno. Sempre que você estiver sofrendo, tente simplesmente
observar e analisar, e você descobrirá que, em algum lugar, o ego é a causa do
sofrimento.
... E assim as pessoas se tornam dependentes, umas das outras. É uma profunda
escravidão. O ego tem que ser um escravo. Ele depende dos outros. E somente uma
pessoa que não tenha ego é, pela primeira vez, um mestre; ele deixa de ser um
escravo.
Tente entender isso. E comece a procurar o ego - não nos outros, isso não é da
sua conta, mas em você. Toda vez que se sentir infeliz, imediatamente feche os
olhos e tente descobrir de onde a infelicidade está vindo, e você sempre
descobrirá que o falso centro entrou em choque com alguém.
Você esperava algo e isso não aconteceu. Você espera algo e justamente o
contrário aconteceu - seu ego fica estremecido, você fica infeliz. Simplesmente
olhe, sempre que estiver infeliz, tente descobrir a razão.
As causas não estão fora de você.
A causa básica está dentro de você - mas você sempre olha para fora, você
sempre pergunta: 'Quem está me tornando infeliz’? 'Quem está causando a minha
raiva’? 'Quem está causando a minha angústia’?
Se você olhar para fora, você não perceberá. Simplesmente feche os olhos e
sempre olhe para dentro. A origem de toda a infelicidade, da raiva e da
angústia, está oculta dentro de você, é o seu ego.
... Todo o caminho em direção ao divino, ao supremo, tem que passar através
desse território do ego. O falso tem que ser entendido como falso. A origem da
miséria tem que ser entendida como a origem da miséria - então ela simplesmente
desaparece.
... É difícil ver o próprio ego. É muito fácil ver o ego nos outros. Mas esse
não é o ponto, você não os pode ajudar.
Tente ver o seu próprio ego. Simplesmente o observe.
Não tenha pressa em abandoná-lo, simplesmente o observe. Quanto mais você
observa, mais capaz você se torna. De repente, um dia, você simplesmente
percebe que ele desapareceu. E quando ele desaparece por si mesmo, somente
então ele realmente desaparece. Porque não existe outra maneira. Você não pode
abandoná-lo antes do tempo. Ele cai exatamente como uma folha seca.
Quando você tiver amadurecido através da compreensão, da consciência, e tiver
sentido com totalidade que o ego é a causa de toda a sua infelicidade, um dia
você simplesmente vê a folha seca caindo... e então o verdadeiro centro surge.
E esse centro verdadeiro é a alma, o eu, o deus, a verdade, ou como quiser
chamá-lo”...
OSHO, Além das Fronteiras da Mente.
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